quinta-feira, 18 de outubro de 2012

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A importância dos Dentes para o Coração

Qual a relação entre saúde bucal e doenças do coração?

O comprometimento da saúde bucal está diretamente associado à endocardite infecciosa. A doença afeta o coração e pode comprometer as funções vitais, exigindo uma internação prolongada. A endocardite é responsável por uma alta morbidade e por significativas taxas de mortalidade. Em torno de 20% dos doentes não sobrevivem.

Qual é o quadro, hoje, da endocardite?

O Incor, que é um centro de referência na doença, registra a cada mês dez a doze pacientes com endocardite. Cerca de 40% destes casos têm origem bucal e são descobertos tanto por infecções espontâneas, resultantes de dentes ou gengivas em mau estado, quanto pela manipulação de área infectada para tratamento odontológico. Nestes casos, o que provoca a doença é a bactéria Streptococcus viridans, que habita normalmente a boca, sem provocar qualquer dano. Mas, ao entrar na circulação, esta bactéria vai parar no coração e pode provocar a endocardite.

Qual é o principal grupo de risco?

Portadores de doenças ou lesões de válvula cardíaca e cardiopatias congênitas, como o sopro no coração. A pessoa com lesão em válvula ou cardiopatia congênita deve ter a máxima atenção com a saúde bucal. E havendo necessidade de algum tipo de manipulação dentária, deve identificar-se ao dentista como portador de tais doenças e levar declaração do cardiologista de que precisa tomar um antibiótico preventivo, antes de qualquer intervenção.

Qual é o procedimento, no Incor, para estes pacientes?

O Instituto do Coração possui um serviço de odontologia e todos os pacientes, antes de cirurgias de válvulas ou doenças congênitas, fazem uma completa avaliação dentária para eliminar focos de infecção. Este trabalho visa à prevenção da endocardite no pós-operatório.

Com base neste acompanhamento, o que se observa em relação à saúde bucal dos cardiopatas?

Para se ter ideia da gravidade da situação, entre os pacientes que freqüentam nossos ambulatórios de cardiopatias valvares, apenas 10% podem ser considerados com boa saúde bucal. Ou seja, 90% de nossos pacientes têm problemas bucais de alguma natureza. Em geral são pessoas que não tem cuidado odontológico, não costumam ir ao dentista com freqüência ou não realizam higiene adequadamente.

A endocardite é a única doença associada à saúde bucal?

Pesquisas têm associado às infecções, inflamações e outras afecções de gengiva com a arteriosclerose, que podem comprovar a correlação da saúde bucal com a ocorrência de infarto. Apesar de incipientes, estas pesquisas têm boa base científica.

Como é avaliada a postura dos cirurgiões dentistas frente a este quadro?

As novas gerações já têm boa formação e vêm desenvolvendo uma mentalidade clínica. É necessário aprofundar o conhecimento na área médica, mas o que se vê é que há todo o interesse em aprender e melhorar a formação. É muito importante que o profissional se conscientize dessa necessidade e possa fazer uma avaliação mais global do paciente

Qual o principal cuidado no consultório?
A palavra chave é o sopro. Ao identificar um paciente com sopro, o dentista deve fazer a prevenção primária, orientando sobre a escovação e uso do fio dental. Também deve tomar cuidados adicionais, porque é fundamental que a manipulação seja feita com bastante assepsia. Antes de iniciar o tratamento, devem-se administrar doses preventivas de antibiótico. O mais importante, nestes casos, é a comunicação entre o dentista e o cardiologista, para trocar informação e orientar, adequadamente o atendimento ao paciente.

Que benefícios esta integração pode trazer ao paciente?

Ela possibilita uma visão holística da saúde. Afinal, a saúde bucal faz parte de um quadro geral do organismo e muitas doenças têm expressiva repercussão na gengiva e nos dentes. O dentista que tem esta visão mais genérica pode, inclusive, diagnosticar riscos ou doenças já instaladas que, muitas vezes, não são percebidas pelo paciente.

Em que situações isso ocorre com mais frequência?

São muitos os casos de reações medicamentosas onde a boca funciona como um alarme e as mais diferentes manifestações devem ser consideradas. Determinados antibióticos, por exemplo, descolorem os dentes. Periodontites podem sugerir diabetes e outros tipos de afecções podem indicar quadros de leucemia ou AIDS. Os dentistas precisam fazer estes diagnósticos e orientar o paciente a procurar o médico.

Ou Seja, cuidar da saúde dos dentes é cuidar da saúde do coração, fique espero!


Equipe de Enfermagem do ITB Prof. Moacyr Domingos Sávio Veronezi
João Batista Pereira Nunes (COREN: 695.354)

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