quinta-feira, 15 de março de 2012

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QUÃO SÉRIA É A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

Em todo mundo, pelo menos uma em cada três mulheres já foi espancada, coagida ao sexo ou sofreu alguma outra forma de abuso durante a vida. O agressor é, geralmente, um membro de sua própria família. A violência contra as mulheres é o tipo mais generalizado de abuso dos direitos humanos no mundo e o menos reconhecido. A Assembléia Geral das Nações Unidas, de 1993, definiu oficialmente a violência contra as mulheres, como:

“Qualquer ato de violência de gênero que resulte ou possa resultar em dano físico, sexual, psicológico ou sofrimento para a mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, quer ocorra em público ou na vida privada”.

A agressão do parceiro íntimo – também conhecida como violência doméstica, maus-tratos ou espancamento da esposa – é, quase sempre, acompanhada de agressão psicológica e, de um quarto a metade das vezes, também de sexo forçado.

A violência contra as mulheres é diferente da violência interpessoal em geral. Os homens têm maior probabilidade de serem vítimas de pessoas estranhas ou pouco conhecidas, enquanto que as mulheres têm maior probabilidade de serem vítimas de membros de suas próprias famílias ou de seus parceiros íntimos. Na sua forma mais grave, a violência leva à morte da mulher. Sabe-se que de 40 a 70% dos homicídios femininos, no mundo, são cometidos por parceiros íntimos. Em comparação, os percentuais de homens assassinados por suas parceiras são mínimos e, frequentemente, nestes casos, as mulheres estavam se defendendo ou revidando o abuso sofrido. A pobreza aumenta a probabilidade das mulheres serem vítimas de violência.

Na violência doméstica contra a mulher, o abuso pelo parceiro íntimo é mais comumente parte de um padrão repetitivo, de controle e dominação, do que um ato único de agressão física. O abuso pelo parceiro pode tomar várias formas, tais como:

– Agressões físicas como golpes, tapas, chutes e surras, tentativas de estrangulamento e queimaduras, quebras de objetos favoritos, móveis, ameaças de ferir as crianças ou outros membros da família;
– Abuso psicológico por menosprezo, intimidações e humilhação constantes;
– Coerção sexual;
– Comportamentos de controle tipo isolamento forçado da mulher em relação à sua família e amigos, vigilância constante de suas ações e restrição de acesso a recursos variados.

O que provoca a violência contra as mulheres?

A tendência atual dos pesquisadores é de considerar a interação de diferentes fatores pessoais, situacionais e socioculturais combinando-se para provocar o abuso.

Como fatores pessoais do agressor, destacamos:
– Ser homem;
– Ter presenciado violência conjugal quando criança;
– Ter sofrido abuso quando criança;
– Pai ausente;
– Consumo de bebidas alcoólicas e/ou drogas.

Como fatores de risco da relação:
– Conflito conjugal;
– Controle masculino da riqueza e da tomada de decisões na família;

Como fatores da comunidade:
– Pobreza, desemprego;
– Associação a amigos delinqüentes;
– Isolamento das mulheres e famílias.

Como fatores da sociedade:
– Normas socioculturais que concedem aos homens o controle sobre o comportamento feminino;
– Aceitação da violência como forma de resolução de conflitos;
– Conceito de masculinidade ligado à dominação, honra ou agressão;
– Papéis rígidos para ambos os sexos.

Reação das mulheres à agressão:

As reações femininas são diversas, algumas resistem, outras fogem e outras tentam manter a paz, submetendo-se às exigências de seus maridos. A reação da mulher à violência é frequentemente limitada pelas opções à sua disposição. Os motivos mais alegados para continuar em um relacionamento abusivo são: medo de represália, perda do suporte financeiro, preocupação com os filhos, dependência emocional e financeira, perda de suporte da família e dos amigos, esperança de que “ele vai mudar um dia”.

Sabe-se que fatores abaixo descritos também contribuem para manutenção na relação conflitiva:
– Repetição de modelo familiar/parental violento;
– Vivências infantis de maus-tratos, negligência, rejeição, abandono e abuso sexual;
– Casamento como forma de fugir da situação familiar de origem, sendo o parceiro e relacionamento idealizados;
– Sintomas depressivos;
– Sentimento de responsabilidade pelo comportamento agressivo do companheiro;
– Ausência de uma rede de apoio eficaz no que se refere à moradia, escola, creche, saúde, atendimento policial e da justiça.

Apesar das dificuldades, muitas mulheres acabam abandonando os parceiros violentos. As mulheres mais jovens são mais propensas a abandonar estes relacionamentos mais cedo. Situações como aumento do nível da agressão, violência afetando os filhos e apoio sócio familiar são determinantes na decisão de sair do relacionamento. A mulher entra em um processo de quebra de sua negação, racionalização, culpa e submissão, passando, então, a se identificar com outras pessoas na mesma situação.

Nesse período, é comum o abandono e retorno ao relacionamento várias vezes, antes de deixá-lo definitivamente. Infelizmente, mesmo após o término da relação, a violência pode continuar e até aumentar. O maior risco de ser assassinada pelo marido ocorre após a separação.

TEXTO EXTRAÍDO DO ARTIGO: Day, V.P; Telles, L. E. B; Zoratto, P, H; Azambuja, M. R. F; Machado, Silveira D. A.; Silveira M. B.; Debiaggi M Reis M. G.; Cardoso R. G; Blank P. - Violência doméstica e suas diferentes Manifestações - R. Psiquiatr. RS, 25'(suplemento 1): 9-21, abril 2003.

Equipe de Fonoaudiologia
ITB Professor Hércules Alves de Oliveira
ITB - Professor Moacyr Domingos Sávio Veronezi
Érika do Prado (CRFa: 16364)

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